Fred Duarte conta a sua experiência de morar e estudar fora do país

estudar fora do país
Fred e a esposa no Canadá. Foto: arquivo pessoal.

O coordenador de efeitos visuais, Fred Duarte, 32 anos, fez high school na Austrália, dois intercâmbios programas de Work and Travel nos Estados Unidos e atualmente mora no Canadá (haja experiência internacional!). Entrevistamos o Fred, que contou sobre como foi estudar fora do país por tantas vezes e como é a sua vida hoje em terras canadenses.

Experiência de estudar fora do país

Em 2001, Fred fez high school durante oito meses em Tweed Heads, Austrália. Dois anos depois, foi fazer um programa de Work and Travel na Califórnia, Estados Unidos, durante cinco meses. Em 2006, voltou para a cidade para o mesmo programa de Work and Travel. Ele fez todos os intercâmbios via a agência Intervip.

Em 2015, ele foi para Toronto, Canadá, acompanhar a esposa que ia fazer um curso de pós-graduação. Eles moram por lá até hoje e não pretendem voltar.

Confira a nossa entrevista com o Fred Duarte.

Porque decidiu fazer intercâmbio da primeira vez e por que decidiu repetir a experiência tantas vezes?

Minha família sempre esteve envolvida na cultura do intercâmbio. Minha mãe e todos os irmãos dela moraram fora quando tinham 18 anos, coisa que não era muito comum na época. E com isso eu sempre tive o desejo de morar fora, sempre tive vontade de viver outra cultura, de aprender coisas diferentes. Além disso, tenho família morando nos Estados Unidos, então sempre que eles vinham para o Brasil eu ficava meio impressionado com as coisas que eles me contavam, com as diferenças entre culturas, com as oportunidades, e principalmente com o fato de os filhos saírem de casa com 18 anos pra fazer faculdade longe de casa. Minha mãe sempre foi muito protetora, então essa foi uma oportunidade de sair um pouco de baixo das asas da mãe, uma novidade tanto pra mim quanto pra ela.

Por que escolheu a Austrália, Estados Unidos e, agora, Toronto?

Em 2001 eu tinha a opção de ir para Austrália por 6 meses ou ir durante um ano para o Estados Unidos e ambos eram mais ou menos o mesmo preço. Por mais que um ano seja mais tentador (pq é o ano inteiro longe de casa, completando o ano escolar e tal), ir para a Austrália pareceu surreal. Naquela época eu não conhecia ninguém que tinha ido pra lá, então era meio que um país desconhecido pra mim. Esse foi um dos fatores que me fez escolher ir pra lá. Além disso, os Estados Unidos são muito mais perto e acessíveis, então eu sabia que um dia eu ia poder ir pra lá, mas talvez nunca mais teria a chance de morar ou sequer visitar a Austrália.

Em 2003, eu estava fazendo faculdade, e não estava me identificando com o curso. Descobri o Work and Travel para os EUA, e vi nele uma oportunidade ótima de trabalhar no exterior, ganhar uma experiência diferente, e, ao mesmo tempo, abrir a cabeça sobre a vida profissional. Escolhi ir sozinho para a Califórnia no inverno por ser um Estado com várias estações de esqui, e, ao mesmo tempo, fica perto do litoral. Gostei tanto da experiência que voltei 2 anos depois pra mesma estação de ski com minha namorada (atual esposa), meu irmão e alguns amigos.

Logo antes de me casar em 2015, minha noiva estava pensando em fazer um mestrado em psicologia no Brasil. De repente surgiu a ideia de estudar fora, fazendo uma pós-graduação. Começamos a pesquisar lugares e cursos que ela gostaria de fazer, e chegamos à conclusão de que Toronto seria ideal. O Canadá oferece visto de trabalho para os cônjuges enquanto alguém vem estudar full time por mais de um ano. Ela veio estudar Desenvolvimento Infantil por dois anos, e eu vim acompanhar ela e trabalhar. Esse foi um fator determinante para não irmos para os Estados Unidos, pois eu não teria direito a trabalhar lá.

Até agora, qual é o seu destino preferido e qual foi o que menos gostou? E por que?

Gostei de todos! Cada um tem suas qualidades peculiares, e todos foram perfeitos e muito importantes para cada época da minha vida.

Na Austrália eu tinha 16 anos, era um adolescente em uma high school em uma cidade pequena na beira da praia. Calor de 40 graus, saía da aula e ia pra praia com meus amigos, ou ia nadar no rio atrás da escola. Morei em casa de família com duas irmãs da minha idade, que foram essenciais para minha estadia lá. Eram minhas companheiras. Meu host dad sempre quis ter um filho homem, então ele me tratou como filho mesmo. Me levava para pescar, para a fazenda de algodão… Ao mesmo tempo eu tinha minhas tarefas na casa: lavava louça, tirava o lixo, cortava grama. Foi a primeira vez na vida que eu vivi fora da casa dos meus pais, sem ter tudo de mão beijada. Foi muito diferente, tive que me adaptar às regras da casa, aos costumes locais, a fazer tudo por conta própria sem depender de ninguém. E isso me fez crescer demais como pessoa, pois aprendi a respeitar outros pontos de vista, saindo da zona de conforto e me dando bem fora dessa zona de conforto.

Na primeira vez em que morei na Califórnia, eu tinha 19 anos. Eu fui sozinho, sem conhecer ninguém. Nunca tinha trabalhado na vida. Então o fato de eu ter ido morar sozinho em uma estação de esqui e ainda por cima trabalhar, pagar aluguel e fazer compras de supermercado, foi um grande aprendizado pra mim. Ali foi um ponto de virada para a minha vida adulta, com mais responsabilidades, com um emprego e horários a cumprir. Ao mesmo tempo, eu era um jovem solteiro, solto na Califórnia. Fiz muitos bons amigos, viajei pelo estado inteiro, e tive que aprender a me virar com economias e contas a pagar.

Já na segunda vez que fui pra Califórnia, eu já tinha 22 anos, já fui com a namorada, meu irmão e mais alguns amigos. Fui trabalhar na mesma empresa que tinha trabalhado antes, porque tinha gostado muito da experiência, do lugar e das pessoas. Além disso, a própria estação de esqui já havia me convidado para voltar a trabalhar lá. Foi uma época diferente, pois morei com minha namorada pela primeira vez e eu já era maior de idade nos Estados Unidos. Como eu já sabia o que esperar do lugar, o trabalho foi mais tranquilo, já tinha feito isso tudo antes e o frio já não era uma novidade. Eu diria que foi uma época mais quieta do que a primeira vez, mas ao mesmo tempo consegui conciliar a vida de trabalho com a vida social, com namorada e amigos. Aprendi muito que você só conhece as pessoas de verdade quando mora com elas. Tivemos discussões homéricas com alguns dos meus amigos de infância que moravam comigo, de sair briga, cada um batendo porta pra um lado. Aprendi a respeitar mais ainda pontos de vistas e prioridades diferentes.

Vim para o Canadá já com 30 anos, casado. Aqui o começo foi bem difícil, pois tivemos que montar a casa inteira, sem conhecer ninguém na cidade, e depois procurar trabalho na minha área. Apesar das dificuldades no começo, sinto que já vivemos aqui há dez anos, de tanta coisa que já passamos. Temos certeza que fizemos a escolha certa pras nossas carreiras e pro nosso futuro. Gostamos muuuuuuito daqui, é a melhor cidade do mundo durante 9 meses, porque durante o inverno é difícil gostar daqui. Sair de casa pra trabalhar com -25ºC do lado de fora não é moleza.

Cada vez que morei fora do Brasil teve o seu valor na hora certa. Dei muita sorte de cair nos lugares onde morei, nas horas certas para cada uma das ocasiões. Se eu falar que existe alguma que eu gostei menos eu vou estar mentindo, pois todas elas foram muito boas pra mim e me ajudaram a ser quem eu sou hoje.

Você fez um programa de trabalho nos Estados Unidos. Com o que trabalhou e como essas experiências te ajudaram profissionalmente depois?

Trabalhei em uma loja de roupas e artigos esportivos dentro de uma estação de esqui, no norte da Califórnia, durante duas temporadas de inverno. Só consegui essa posição na loja pois eu falo inglês fluente, (por curiosidade com sotaque australiano, não sei porque não consegui perder o sotaque até hoje). E como eu trabalhava diretamente com clientes na loja, ajudando a escolher tamanho de pranchas, vendendo óculos, gorros, casacos, luvas, eu tinha que praticar tanto o inglês quanto o meu atendimento ao cliente. Essas duas qualidades me ajudaram muito, desde a época de trabalho nos Estados Unidos, pois eu consegui um emprego do lado de dentro, sem ficar exposto ao frio o dia todo. Depois que voltei para o Brasil, essa experiência me gerou algumas oportunidades de emprego, pois eu já havia provado pra mim mesmo que conseguiria lidar com clientes tanto em português como em inglês. Dei aula de inglês por muito tempo no Brasil e trabalhei pra Confederação Brasileira de Vôlei como produtor na recepção de outras seleções que vinham jogar no Brasil. Sinceramente, acho que as empresas no Brasil não valorizam tanto o trabalho no exterior quanto deveriam. Quando me mudei para o Canadá, toda a experiência de ter vivido e trabalhado fora do Brasil foi valorizada novamente. Me sinto muito confortável em entrevistas e trabalhando em inglês, com várias responsabilidades. Além disso, trabalhei durante dois meses na GAP quando mudei pra cá, então minha experiência da loja me ajudou muito.

Quais foram os seus passeios ou viagens preferidos em cada um dos destinos?

Na Austrália viajei pouco, pois estava estudando e não tinha condições de viajar muito. A própria região onde eu morava era uma sequência de 35 praias, uma do lado da outra. Então cada final de semana era uma viagem diferente. Gostei muito de Sydney e do interior da Austrália, onde visitei muitas cidadezinhas pequenas de 2 mil habitantes, no meio do deserto, com vários cangurus cruzando as estradas entre plantações de algodão.

Descer a costa da Califórnia de carro é maravilhoso. Eu morava a três horas de San Francisco, então ia passar o final de semana lá várias vezes. Dali para o sul, a viagem é pela Highway 1, que é uma estradinha sinuosa que vai beirando a costa até Los Angeles, passando por várias cidadezinhas costeiras como Monterrey, Carmel e Santa Barbara.

Aqui no Canadá viajamos pouco nesses dois anos. Trabalhei muitos finais de semana para entregas finais de filme, e minha esposa estava constantemente estudando e fazendo trabalhos para a faculdade. Só agora estamos conseguindo passear mais. Mês passado fomos acampar em Tobermory, que é uma cidadezinha na ponta da Bruce Peninsula, que separa a Georgian Bay do Lake Huron (um dos grandes lagos). O vilarejo fica no meio de um parque nacional, cheio de lagos e trilhas em meio às florestas. As águas do Lake Huron são azuis cristalinas e beeeem frias! Mas o lugar é maravilhoso!

O que foi o melhor de fazer intercâmbio?

O melhor de fazer intercâmbio é se conhecer de verdade. O fato de sair da zona de conforto, sair debaixo das “asas da mãe” e ter que se adaptar a outra cultura é o que realmente vale a pena. É na hora do perrengue que você se descobre capaz ou não de lidar com situações adversas.

O que achou mais difícil ao fazer intercâmbio?

Acho que o mais difícil são a adaptação e a aceitação, tanto do intercambista com a família quanto da família para com o intercambista. Cada um tem seu background, sua bagagem e cultura. Então muitos dos costumes são diferentes. Em algumas vezes eu lembro de ter feito uma ou outra piadinha que não foi bem vista, fiquei morrendo de vergonha.

O que diria para aquelas pessoas que sonham em fazer um intercâmbio?

FAÇA INTERCÂMBIO! Eu sempre disse isso, e sempre vou dizer. Eu prefiro fazer uma coisa e me arrepender de ter feito, do que me arrepender de ter perdido essa oportunidade. O crescimento pessoal é inigualável quando você sai da sua zona de conforto, quando você se desafia a vivenciar outra cultura.

Quer fazer como o Fred e ir estudar um tempo na Austrália? Confira quatro motivos para fazer intercâmbio na terra dos Cangurus.

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