Casal faz volta ao mundo e conta experiência

Fernando e Luísa largaram tudo e seguiram rumo a diversos destinos pelo planeta.

Largar tudo, colocar uma mochila nas costas e explorar o mundo. Para muita gente, esse é o grande sonho da vida, mas também uma possibilidade distante. Afinal, é preciso coragem para se desprender de uma vida estável e seguir, sem rumo certo, para destinos desconhecidos. E foi isso que fez o casal Luísa Moraes e Fernando Casanova que, desde fevereiro, está fazendo uma volta ao mundo.

Volta ao mundo

No dia 12 de fevereiro, a consultora de marketing digital e o consultor em design estratégico partiram rumo a Lisboa, onde iniciaram essa longa viagem. Na Europa, visitaram Portugal, França (Paris), Irlanda (Dublin) e Inglaterra (Londres). Da capital inglesa, embarcaram para a Ásia. “Nessa primeira etapa, conhecemos Vietnã, Camboja, Tailândia, Malásia, Singapura, Indonésia, Mianmar, Índia e Turquia”, conta Luísa. No dia 5 de junho, o casal chegou à Itália. Nesse ponto, já haviam contabilizado 115 dias de viagem, 43 cidades, 35 voos.

O que os motivou a largar tudo e seguir para uma aventura assim? “Eu acho que foi o desejo de buscar sentido no que a gente estava fazendo, a partir de novas experiências. É sempre aquela história de estar cansado do lugar comum, de achar que tem muita coisa errada dentro da rotina que a gente estabelece, nas relações de trabalho e até relações pessoais. Eu sempre quis buscar novos sentidos, tentar buscar novos caminhos. Foi simplesmente se deparar com o novo, se desafiar e se conhecer, a partir de vivência e de experimentação. Encontrar alguma coisa que fizesse mais sentido”, diz Fernando.

Planejamento

Como se pode imaginar, planejar uma viagem dessas não é fácil e, muito menos, acontece de um dia para o outro. “Na verdade, venho sonhando e planejando essa viagem na minha cabeça há muito tempo. Queria passar um tempo maior viajando, ter uma experiência diferente, ao invés de só fazer turismo. E foi esse sonho em comum que me aproximou do Fernando e nos uniu”.

O planejamento, de fato, começou em agosto, quando Luísa largou o emprego fixo que tinha e, assim, passou a ter mais tempo livre para se organizar e ficar mais independente financeiramente. “Uma preocupação que a gente tinha era de não largar tudo e começar uma vida nova do zero. Essa viagem da Ásia foi uma preparação nossa, queríamos viajar sem ter essa preocupação de ter que arrumar um emprego e começar a vida”, conta Fernando.

Sobre as escolhas dos países que foram visitados, o casal diz que a ideia sempre foi não ter muito critério e, sim, construir seus roteiros, à medida que o caminho fosse construído. “Compramos uma passagem de ida de Londres para Ho Chi Minh, no Vietnã, e chegamos lá sem ter nada planejado. Lá, desenhamos o que tinha um sentido lógico por proximidade, facilidade de transporte e que valiam a pena conhecer”, explica Fernando.

Em meio a diferentes possibilidades que uma viagem dessas oferece, os dois optaram por conhecer uma quantidade maior de lugares e ficar menos tempo em cada um deles. Assim, conseguiram ter uma visão mais geral de cada destino.

Quando se fala de uma experiência dessas, também é impossível não pensar no investimento que ela demanda. No caso de Luísa e Fernando, embora tenham se preparado financeiramente para isso (e até mesmo vendido um carro), foram com um budget curto, que permitiu uma viagem no estilo low cost. “Mas no geral, a Ásia é um destino que tem o preço bom. Dentro da nossa divisão de despesas, o que menos tivemos gasto foi com acomodação por lá. Além disso, optamos por fazer uma viagem que não gastasse muito, mas também não queríamos fazer tipo mochilão, em que se come mal. Priorizamos o conforto”, diz Fernando.

Luísa explica que era possível gastar menos nessa viagem, no entanto, optaram por uma experiência mais completa: “A comida, por exemplo, é uma coisa que está diretamente ligada com o quão eu vou gostar, conhecer e me interessar pelo lugar. A gente procurou experimentar, tanto comida de rua, quanto restaurante”.

Um das grandes vantagens de fazer uma slow travel é que ela permite fazer as coisas ao seu próprio tempo, sem correria para fazer check in em todos os pontos turísticos. “Tinha dia que a gente queria tirar para descansar, afinal ninguém aguenta ficar 120 dias só explorando todos os lugares. Queremos conhecer pessoas, nos  conectarmos com o lugar, ao invés de fazer tudo. A gente fica mentalmente exausto de ficar pulando de um lugar pro outro. Chega um ponto em que não conseguimos absorver tanta coisa”.

Lugar inesquecível

Após visitar tantos lugares, não é fácil responder qual foi o lugar que mais gostou. No entanto, os dois concordam que se teve um destino que marcou foi Bali, na Indonésia. Embora esse seja um destino famoso, conseguiu surpreender o casal que chegou lá sem muita expectativa. “Quando você não pensa muito sobre uma coisa, ela acaba te surpreendendo. Então é o lugar que realmente deu vontade de voltar para ficar mais tempo”.

O que mais impressionou o casal foi a riqueza cultural e histórica, além do povo local. “São pessoas que têm uma energia, simplicidade, abertura e sintonia. É uma ilha que é um reduto Hindu na Indonésia, que hoje é um país majoritariamente muçulmano, e que conserva mais as tradições milenares do país. Ao mesmo tempo, é uma ilha diversa, tem a costa que é maravilhosa e o interior que é muito bacana, de uma espiritualidade muito grande. É aquele lugar que é turístico, mas que consegue conservar um pouco da sua essência”.

Retorno ao Brasil?

Pelo menos, por enquanto, retornar não está nos planos do casal. A ideia é refazer a vida na Europa. No momento, eles se encontram no norte da Itália, em uma cidade chamada Cogne. O local onde estão hospedados não poderia ser mais diferente: uma pequena fazenda de produção de queijo de cabra e de vaca. “Tem organizações internacionais que conectam pessoas interessadas em fazer trabalho voluntário. Aqui na Itália, você não pode fazer esse tipo de trabalho como turista, você tem que ter um visto específico pra isso”, explica. Os dois possuem cidadania europeia, o que facilita a vida por lá.

Uma certeza os dois têm: se um dia voltarem a morar no Brasil, será de um jeito completamente diferente. “A gente já está bem transformado e continuamos em uma mudança profunda de ritmo de vida, de dogmas e de coisas que a gente não quer mais viver. Todos os lugares que a gente passou construíram um pouco disso. E não queremos que a volta para o Brasil seja por falta de opção. Uma volta só faria sentido se a gente conseguir replicar tudo o que conseguimos aprender e viver em termos de mudanças e melhorias”.

Coragem para fazer o mesmo?

Muita gente sonha em fazer o mesmo e não tem coragem. E o casal dá a dica: A partir do momento que a gente abraça a ideia de que nada é definitivo e de que não temos controle da nossa vida, a coragem vem automaticamente. “Eu tenho amigo que é funcionário público e que fala que quer ter estabilidade, mas ele não sabe de absolutamente nada que vai acontecer na vida dele, não sabe nem se vai viver o bastante para poder usufruir a aposentadoria. A gente não sabe o que vai ser do dia de amanhã, as coisas podem mudar muito, e se a gente ficar esperando a hora certa acontecer, essa hora pode não chegar”.

 

Por isso, foco no que é o seu sonho, pense no que precisa fazer e se planejar para realizá-lo e não tenha medo. Siga seus instintos e boa viagem!

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