Intercâmbio: Trabalho Voluntário na África do Sul

Fazer um intercâmbio é a melhor forma de conhecer novas paisagens, entrar em contato com diferentes culturas e se conectar com povos distintos. Mas essa experiência pode ir muito além disso. Pode ser a oportunidade de vivenciar realidades bem distantes da nossa e, mais do que isso, poder fazer diferença, mesmo que por algumas semanas. E foi esse tipo de vivência que os namorados Camila Leão, de 22 anos, e Paulo Eduardo Strazdas, de 23, encontraram ao embarcarem rumo a um trabalho voluntário na África do Sul.

Trabalho voluntário na África do Sul

Quando decidiram estudar inglês em outro país, a estudante de engenheira e o analista de comunicação, que sempre participaram de ações solidárias e trabalho voluntário, se viram diante de possibilidade de trabalhar de forma voluntária em outro país. “Não tivemos dúvidas de que escolheríamos uma viagem para trabalhar voluntariamente em um lugar que necessitava de ajuda e não somente desenvolver nosso inglês em uma sala de aula. Ficamos por dois meses, o suficiente para ter a melhor experiência de nossas vidas”, relembra Paulo.

Os dois tiveram trabalhos distintos no país. Enquanto Paulo trabalhou como auxiliar de professor e era uma espécie de “faz tudo” em uma escola, Camila fez dois trabalhos diferentes. No primeiro mês, ela trabalhou em um santuário de felinos, onde preparava a comida dos animais e recepcionava os turistas. Já no segundo mês, em um abrigo de crianças, onde auxiliava o aprendizado em Khoosa (língua local), Africans, Inglês, matemática, desenhos artísticos e reza. “Eu os ajudava a desenvolver suas habilidades cognitivas e motoras a partir das brincadeiras diárias, prezando sempre a felicidade das crianças”, conta Camila.

Diferenças culturais

É claro que, ao morar em um país tão diferente, é normal que aconteça um choque cultural. O próprio idioma é um obstáculo. Como os idiomas principais da África do Sul são a khoosa e Africans, poucos falavam inglês e, muitas vezes, a mímica era a melhor forma de comunicação. “Além disso, a comida para mim foi um pouco chocante, pois era bem apimentada. Muitas vezes, também tínhamos que aceitar certas atitudes que nos causaria estranheza se acontecesse no Brasil, porém lá é algo que faz parte de sua cultura”, compara Camila. Paulo completa: “Por trabalharmos com uma cultura bastante diferente, a Xhosa, tivemos que abrir ao máximo nossas crenças e costumes para poder realmente vivenciar essa experiência e crescer como ser humano. São nessas situações que percebemos o quanto podemos viver juntos em harmonia independentemente das diferenças”.

Fatos que marcaram

Dá para imaginar como uma experiência tão intensa como essa também reservou momentos marcantes. Destacar apenas uma é missão difícil para os dois. Mas Camila relembra duas situações que vivenciou em cada um dos seus trabalhos. “No santuário dos felinos, um casal de tigres de bengala se acostumou com minha presença e toda vez que eu passava por perto deles, eles me seguiam e ronronavam para mim feito gatinhos. Isto significa que eles são gratos e que se sentem confortáveis em ver você”.

Outra situação que a marcou, já no abrigo, é um grande exemplo de como a diferença dos povos é algo que encanta os dois lados: “Um fato engraçado que aconteceu em minha primeira semana do trabalho é que meu cabelo era beeem grande e, como as crianças não possuem muito cabelo devido à dificuldade e ao custo de cuidá-lo, elas me olhavam com aquela carinha de admiração misturada com medo. Várias delas vinham querer mexer, colocar no rosto delas fingindo que eram seus cabelos, tanto que ficava sempre uma rodinha em volta de mim por isso. Eu vivia ganhando flores delas para colocar no meu cabelo”.

O que a experiência trouxe de melhor pra eles? Camila conta que passou a se sentir ainda mais grata pela vida que tem e aprendeu a viver com muito menos. “Moro na maior capital do país, onde há uma vaidade e consumismo absurdos e, obviamente, eu estava incluída nisso. Hoje é nítido o quanto me importo menos com o que aparento ser, com minha aparência em geral e não compro mais coisas como antes”.

E Paulo vai além: “A felicidade incansável das crianças nos ensinou a olhar a vida com mais otimismo e perceber o que realmente importa em nossas vidas. Muitas vezes vemos problemas onde não há, nos preocupamos com coisas que não são importantes”.

O trabalho voluntário foi algo que marcou tanto que já está nos planos dos dois repetir a experiência. Só falta decidirem o destino. Pode ser no norte do Brasil, em algum lugar da América Latina ou, até mesmo, na Namíbia.

E para quem também ficou com desejo de fazer um trabalho voluntário, mas não sabe por onde começar, eles dão a dica: “A primeira coisa é saber quem você é, conhecer seus limites e o mais importante: estar cheio de amor pra dar e receber! Depois disso, pesquisar bastante no Google que tipo de trabalhos voluntários existem e quais são os que você mais gostaria de trabalhar, que tem mais aptidão, vendo, por exemplo, se você prefere trabalhar com crianças ou com animais. Então, ver países que realmente tenham a necessidade de voluntários e aí procurar por uma agência de confiança que possa dar todo o apoio para que você consiga ir, mostrando quais são as oportunidades que mais se encaixam com o seu perfil. E o principal: vá com o coração aberto a novas experiências e com muita vontade de ajudar. No fim aprendemos muito mais do que ensinamos”.

Ficou com vontade de saber mais sobre essa experiência? O casal fez um emocionante documentário sobre o trabalho voluntário que fizeram. Assista aqui!

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