Dicas para se adaptar melhor em uma casa de família

casa de família
É preciso se abrir para a experiência que pode te trazer muito aprendizado. Foto: Deposit Photos

Ao fechar um programa de intercâmbio, muitas pessoas optam pela opção de residência em casa de família, já que isso reduz consideravelmente os custos. Porém, também é muito comum o receio (dos pais ou dos intercambistas) de haver dificuldade de adaptação, de morar com desconhecidos e das diferenças culturais.

Segundo a psicóloga intercultural Andrea Sebben, é preciso vencer esses medos: “Eu não iria pra outro lugar, senão para um ‘host placement’. Essa experiência é maravilhosa em todos os aspectos. O principal é o aspecto cultural. Você vai conviver e aprender com os nativos. Vai aprender a amar, gesticular, comer, falar, perdoar com eles”. Além disso, ela ressalta que a segurança, a acolhida e o envolvimento são maiores nesse tipo de hospedagem.

4 dicas para se adaptar melhor em uma casa de família

Andrea realiza um trabalho de treinamento intercultural com com intercambistas, jogadores de futebol e executivos, em todo o mundo. Com base em sua experiência, ela dá algumas dicas sobre como se adaptar em uma casa de família e explica porque pode ser uma excelente oportunidade de aprendizado e amadurecimento.

Não será sempre uma família que irá hospedá-lo

O primeiro paradigma que precisamos quebrar é em relação à nomeclatura. Andrea destaca que é preciso substituir o termo “host family” por “host placement”, já que nem sempre será uma família. “Pode ser uma pessoa solteira, uma senhora viúva, um casal ou uma família mesmo”, explica.

Aceite que os modelos mentais serão diferentes

As queixas com o “host placement” muitas vezes vêm dos pais de intercambistas que esperam que os “pais estrangeiros” tenham os modelos mentais iguais aos deles. Ela cita, por exemplo, que no Canadá, mesmo estando muito frio, as pessoas costumam levar as crianças a pé para a escola. E isso faz parte da cultura deles. “Normalmente, como não estamos acostumados com o frio no Brasil, pode parecer inconcebível que os pais levem seus filhos a pé em um frio de -21 graus. Mas isso é muito comum no Canadá. Os modelos mentais são diferentes e é preciso aceitar e respeitar isso”, destaca  Andrea.

Respeite e siga as regras

Em relação aos intercambistas, a maioria das reclamações que Andrea percebe em seus atendimentos é em função das regras: ter de voltar cedo, ir a pé pra escola, não poder fazer alguma coisa. E ela ressalta que essa dificuldade é algo comum ao brasileiro: “Como psicóloga intercultural, eu estudo o esquema mental dos povos. Existem 130 categorias que mapeiam o esquema mental. Uma delas é a ordem x flexibilidade. O Brasil é um país com um esquema mental flexibilidade, que nos traz muitas vantagens: o empreendedorismo, a flexibilidade, a criatividade, a resiliência e a iniciativa. Razão pela qual os nossos executivos expatriados são sempre muito bem sucedidos e muito requisitados. Porém, em países de esquema mental, existe a regra. Eles olham a regra e a seguem”.

Segundo Andrea, geralmente, em países de flexibilidade, as pessoas estão sempre buscando questionar ou burlar as regras e possuem muita dificuldade em segui-las. “Eu preciso ter proximidade emocional com o meu hospedeiro. Não posso estar ali para questionar ou confrontar. Por mais que eu ache as regras dele bizarras, preciso respeitar e me adequar. O importante é essas pessoas te respeitam e gostam de você. Esses devem ser os critérios” , ressalta.

Se abra para o novo

Andrea fala da diferença entre ser hóspede ou hospedeiro diante da vida: “O hóspede se preocupa o tempo inteiro com o que vai ganhar, se será bom, se vai gostar ou não. Possui uma perspectiva extremamente egocêntrica, egoísta, narcísica e sempre quer receber. Já o hospedeiro se preocupa no que ele tem para dar, para oferecer. Se preocupa em ser um presente na vida das pessoas”.

Ela sugere que os intercambistas aprendam a ser “hospedeiros” onde estiverem e se abram para o novo: “A única forma de se adaptar, de ser feliz onde quer que seja, é saindo um pouco de si e se entregando totalmente ao novo, ao outro. Doe o seu tempo e o seu interesse ao outro. Não parta de: ‘Eles não gostam de mim’. Tem de ser: ‘Eu gosto deles’. Não pode ser: ‘Não estou entendendo eles’. É: ‘Será que estão me entendendo?’. A única forma do mundo abrir os braços para você é você abrir os braços para ele. E isso significa acolher as pessoas, as regras, como uma esponja. E ai tenho certeza que tudo dá certo”.

A Melhor Coisa da Minha Vida está fazendo uma série de artigos com a psicóloga intercultural Andrea Sebben. Clique aqui e confira as cinco maiores dificuldades ao se fazer um intercâmbio e como lidar com elas.

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